No mundo de hoje, Artaxastra é um tema relevante que tem captado a atenção de milhões de pessoas em todo o mundo. Desde o seu surgimento, Artaxastra gerou uma série de debates e discussões sobre seu impacto em diversos aspectos da vida cotidiana. A sua influência estende-se a múltiplos campos, desde a política e a economia até à cultura e à sociedade. Neste artigo, exploraremos em profundidade o fenômeno Artaxastra, analisando suas muitas facetas e suas implicações no mundo de hoje. Através de uma abordagem abrangente, tentaremos lançar luz sobre este tema complexo e dinâmico, oferecendo ao leitor uma visão mais completa e esclarecedora de Artaxastra.
Artaxastra, Artasastra ou Arthashastra (AITS: Arthaśāstra) é um antigo tratado indiano sobre estadismo, política econômica e estratégia militar escrito em sânscrito. Seu autor é Cautília (Kauṭilya), também chamado de Vichnugupta (Viṣṇugupta) e Chanakya (c. 350−283 a.C.), que foi um estudioso em Taxila e o professor e guardião do imperador Chandragupta Máuria, o fundador do Império Máuria. O texto foi influente até o século XII, quando desapareceu. Foi redescoberto em 1904 por Rudrapatnam Shamasastry, que publicou-o em 1909. Roger Boesche descreve o Artaxastra como "um livro de realismo político, um livro de análise de como o mundo político realmente funciona e não de como ele deveria funcionar, um livro que revela, para um rei, quais medidas calculistas e às vezes brutais ele deve tomar para preservar o Estado e o bem comum."
Centralmente, o Artaxastra argumenta como, em uma autocracia, uma economia sólida e eficiente pode ser gerenciada. Discute a ética da economia e os deveres e obrigações de um rei. O escopo do Artaxastra é, contudo, muito mais amplo que estatismo, e oferece um esboço de todo o quadro jurídico e burocrático para gerir um reino, com uma riqueza detalhes culturais descritivos sobre tópicos como a mineralogia, mineração e metais, agricultura, pecuária, medicina e o uso de animais selvagens. O Artaxastra também foca sobre assuntos de bem-estar (por exemplo, redistribuição da riqueza durante uma fome) e ética coletiva que mantêm uma sociedade unida.
A autoria e a data na qual foi escrita são desconhecidas, e há evidências de que os manuscritos remanescentes não são originais e foram modificados ao longo de sua história, e provavelmente adquiriram a forma atual entre os séculos III e II a.C.. Olivelle afirma que os manuscritos remanescentes do Artaxastra são produto de uma transmissão que envolveu ao menos três grandes camadas sobrepostas, que juntas consistem em 15 livros, 150 capítulos e 180 tópicos. O primeiro capítulo do primeiro livro é um antigo índice, enquanto o último capítulo do último livro é um pequeno epílogo composto de 73 versos, que afirma que todos os 32 Yukti – elementos do método de raciocínio correto – foram implantados para criar o texto.
Um fato notável sobre a estrutura do tratado é que todos os capítulos são iniciados em prosa, mudando para versos poéticos ao se encaminhar para o fim, como uma marca, um estilo que é encontrado em muitos textos do antigo sânscrito hindu, onde a mudança de métrica ou de estilo de escrita são usados como um código sintático para sinalizar que o capítulo ou a seção está acabando. Todos os 150 capítulos do texto também terminam com um colofão relatando o título do livro ao qual ele pertence, os tópicos contidos naquele livro (como um index), o número total de títulos no livro e os livros do texto. Finalmente, o texto Artaxastra numera seus 180 tópicos consecutivamente, e não recomeça do primeiro quando um novo capítulo ou um novo livro se inicia.
A divisão entre 15, 150 e 180 dos livros, capítulos e tópicos respectivamente provavelmente não foi acidental, afirma Olivelle, porque autores antigos da maioria dos textos hindus favoreciam certos números, como as 18 Parvas do épico Mahabharata. O maior livro é o segundo, com 1285 sentenças, enquanto o menor é o décimo primeiro, com 56 sentenças. O livro inteiro tem cerca de 5300 sentenças sobre política, governança, bem-estar, economia, proteção de oficiais e reis, inteligência sobre Estados hostis, formação de alianças estratégicas e condução de guerra, exclusivo do índice e do último livro com um estilo de epílogo.
Olivelle afirma que a camada de texto mais antiga, a "fonte do Kauṭilya", data do período 150 a.C. - 50 EC. A fase seguinte da evolução do trabalho, a "Kauṭilya Recension", pode ser datada para o período 50-125 d.C. Finalmente, a "Śāstric Redacção" (ou seja, o texto tal como o temos hoje) é datada do período 175-300 d.C..
O Arthasastra é mencionado e dezenas dos seus versos foram encontrados em fragmentos de tratados de manuscritos enterrados em antigos mosteiros budistas do noroeste da China, Afeganistão e noroeste do Paquistão. Isso inclui o manuscrito Spitzer Manuscript (c. 200 EC) descoberto perto de Kizil na China e os pergaminhos de casca de bétula, sendo agora uma parte da Colecção Bajaur (1º ao 2º EC) descoberta nas ruínas de um local budista Khyber Pakhtunkhwa em 1999, estado Harry Falk e Ingo Strauch.
O antigo texto em sânscrito abre, no capítulo 2 do Livro 1 (o primeiro capítulo é o índice), reconhecendo que há um número de escolas existentes com diferentes teorias sobre o número adequado e necessário de campos de conhecimento, e afirma que todas elas concordam que a ciência do governo é um desses campos. O capítulo lista a escola de Brihaspati, a escola de Usanas, a escola de Manu e ela própria como a escola de Kautilya como exemplos
A escola de Usanas afirma, segundo o texto, que existe apenas um conhecimento necessário, a ciência do governo porque nenhuma outra ciência pode começar ou sobreviver sem ela A escola de Brihaspati afirma, segundo Arthashastra, que existem apenas dois campos de conhecimento, a ciência do governo e a ciência da economia (Varta da agricultura, gado e comércio) porque todas as outras ciências são intelectuais e mero florescimento da vida temporal do homem. A escola de Manu afirma, segundo Arthashastra, que existem três campos do conhecimento, os Vedas, a ciência do governo e a ciência da economia (Varta da agricultura, do gado e do comércio) porque estes três se apoiam mutuamente, e todas as outras ciências são ramo especial dos Vedas.
O Arthashastra apresenta então a sua própria teoria de que existem quatro campos de conhecimento necessários, os Vedas, os Anvikshaki (filosofia de Samkhya, Yoga e Lokayata), a ciência do governo e a ciência da economia (Varta da agricultura, do gado e do comércio). É a partir destes quatro que todos os outros conhecimentos, riqueza e prosperidade humana são derivados. O texto Kautilya afirma posteriormente que são os Vedas que discutem o que é Dharma (certo, moral, ético) e o que é Adharma (errado, imoral, antiético), é a Varta que explica o que cria riqueza e o que destrói a riqueza, é a ciência do governo que ilumina o que é Nyaya (justiça, expediente, próprio) e Anyaya (injusto, inexperiente, impróprio), e que é Anvishaki (filosofia) que é a luz destas ciências, bem como a fonte de todo o conhecimento, o guia das virtudes, e os meios para todo o tipo de actos. Diz ele sobre o governo em geral:
Sem governo, aumenta a desordem como no Matsya nyayamud bhavayati (provérbio sobre a lei dos peixes). Na ausência de governação, os fortes engolirão os fracos. Na presença de governação, o fraco resiste ao forte.
O melhor rei é o Raja-rishi, o rei sábio.
O Raja-rishi tem auto-controlo e não cai nas tentações dos sentidos, aprende continuamente e cultiva os seus pensamentos, evita conselheiros falsos e lisonjeiros e, em vez disso, associa-se aos anciãos verdadeiros e realizados, promovendo de forma genuina a segurança e o bem-estar do seu povo. Ele enriquece e dá poder ao seu povo, pratica ahimsa(não violência contra todos os seres vivos), vive uma vida simples e evita pessoas ou atividades prejudiciais, afasta-se da mulher do outro nem anseia pelos bens de outras pessoas. Os maiores inimigos de um rei não são outros, mas são estes seis: luxúria, ira, avareza, presunção, arrogância e imprudência Um rei justo ganha a lealdade do seu povo não porque é rei, mas porque é justo.